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domingo, 8 de agosto de 2010

Existe sempre uma coisa Ausente - Caio Fernando Abreu
Paris — Toda vez que chego a Paris tenho um ritual particular. Depois de dormir algumas horas, dou uma espanada no rodenirterceiromundista e vou até Notre-Dame. Acendo vela, rezo, fico olhando a catedral imensa no coração do Ocidente. Sempre penso em Joana d’Arc, heroína dos meus remotos 12 anos; no caminho de Santiago de Compostela, do qual Notre-Dame é o ponto de partida — e em minha mãe, professora de História que, entre tantas coisas mais, me ensinou essa paixão pelo mundo e pelo tempo.

Sempre acontecem coisas quando vou a Notre-Dame. Certa vez, encontrei um conhecido de Porto Alegre que não via pelo menos á2o anos. Outra, chegando de uma temporada penosa numa Londres congelada e aterrorizada por bombas do IRA, na época da Guerra do Golfo, tropecei numa greve de fome de curdos no jardim em frente. Na mais bonita dessas vezes, eu estava tristíssimo. Há meses não havia sol, ninguém mandava notícias de lugar algum, o dinheiro estava no fim, pessoas que eu considerava amigas tinham sido cruéis e desonestas. Pior que tudo, rondava um sentimento de desorientação. Aquela liberdade e falta de laços tão totais que tornam-se horríveis, e você pode então ir tanto para Botucatu quanto para Java, Budapeste ou Maputo — nada interessa. Viajante sofre muito: é o preço que se paga por querer ver “como um danado”,feito Pessoa. Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio.

Enrolado num capotão da Segunda Guerra, naquela tarde em Notre-Dame rezei, acendi vela, pensei coisas do passado, da fantasia e memória, depois saí a caminhar. Parei numa vitrina cheia de obras do conde Saint-Germain, me perdi pelos bulevares da le dela Cité. Então sentei num banco do Quai de Bourbon, de costas para o Sena, acendi um cigarro e olhei para a casa em frente, no outro lado da rua. Na fachada estragada pelo tempo lia-se numa placa: “II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta) — frase de uma carta escrita por Camilie Claudel a Rodín, em 1886. Daquela casa, dizia aplaca, Camille saíra direto para o hospício, onde permaneceu até a morte. Perdida de amor, de talento e de loucura.

Fazia frio, garoava fino sobre o Sena, daquelas garoas tão finas que mal chegam a molhar um cigarro. Copiei a frase numa agenda. E seja lá o que possa significar “ficar bem” dentro desse desconforto inseparável da condição, naquele momento justo e breve — fiquei bem. Tomei um Calvados, entrei numa galeria para ver os desenhos de Egon Schiele enquanto a frase de Camille assentava aos poucos na cabeça. Que algo sempre nos falta — o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, faz parte. E atormenta.

Como a vida é tecelã imprevisível, e ponto dado aqui vezenquando só vai ser arrematado lá na frente. Três anos depois fui parar em Saint-Nazaire, cidadezinha no estuário do rio Loire, fronteira sul da Bretanha. Lá, escrevi uma novela chamada Bem longe de Marienbad , homenagem mais à canção de Barbara que ao filme de Resnais. Uma tarde saí a caminhar procurando na mente uma epígrafe para o texto. Por “acaso”, fui dar na frente de um centro cultural chamado (oh!) Camille Claudel. Lembrei da agenda antiga, fui remexer papéis. E lá estava aquela frase que eu nem lembrava mais e era, sim, a epígrafe e síntese (quem sabe epitáfio, um dia) não só daquele texto, mas de todos os outros que escrevi até hoje. E do que não escrevi, mas vivi e vivo e viverei.

Pego o metrô, vou conferir. Continua lá, a placa na fachada da casa número 1 do Quai de Bourbon, no mesmo lugar. Quando um dia você vier a Paris, procure. E se não vier, para seu próprio bem guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo

domingo, 25 de abril de 2010

Minha homenagem ao cartunista Glauco.




Fiz uma singela homenagem ao cartunista Glauco...Feita no Flash CS4.Desenhei o Geraldão sem roupa,não achei que ficou apropriado rs,então coloquei esse bermudão vermelho,até que ele ficou mais decente rs.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Exista!

Meu amor, não se iluda!

Não existe nada perfeito.

Nem você, nem eu,ninguém é.

A perfeição é invenção do cinema hollydiano!


Qualidades?

Todos nós temos,mas não percebemos

Principalmente a do próximo.


O próximo,

Você se importa com o próximo?

Você existe?

Isso faz a diferença.

Porque quem não se doa não existe.


Você segue alguma doutrina?

Isso não faz diferença

Porque não importa...


E daí?

Se você é cristão,

Ou evangélico e acredita na existência de um ser superior

Que criou e intercede em nossas vidas?

Ou não.


E daí?

Se você é hinduísta ou budista,e acredita que possa reencarnar no corpo de uma vaca,rato ou barata...

Ou não.


E daí

Se você é espírita, e não acredita na morte.

Ou não


E daí

Se você for cego e acredita na máfia do coelhinho da páscoa nestlé ,papai noel.

Na grande máfia da mídia,e engole,ouve e veste tudo que ela impõe?

Ou não


E daí?

Se você for agnóstico,e sabe que existe uma coisa muito forte,que nos guia mas não sabe exatamente o que é,mas simplesmente a chama de Deus.

Assim como eu.

Ou não


E daí

E se você for Ateu.

Não seguir nenhuma doutrina.

Isso te impede de ser altruísta ?


E daí?


Quem esta certo ?

Quem esta errado?

Isso não faz diferença!


Enquanto isso muitas pessoas estão precisando da sua mão.

Somos todos irmãos.

Dá me a sua mão.

Porque eu não posso suportar o que vejo.

Mas parece que ninguém vê.

Você se importa?

Você existe?

Você vê?



Olha meu amor,

Constituímos uma família

A família dos animais.

Nosso planeta é o nosso lar.

O que estamos fazendo com ele?

Não importa quem o criou.

A nossa mãe é a natureza,


Exista.

Doe sangue

De a sua mão.

Respeite a nossa mãe

Respeite os animais

Respeite o nosso planeta,

Respeite o próximo.

Se respeite.

Faça a diferença.



Kelly Batista.